Pirataria, rateio de cursos e o CACD
Há pouco mais de uma semana, uma conta falsa no Facebook oferecia um “rateio” de aulas preparatórias para a carreira diplomática. Dentre essas aulas ofertadas, no anúncio criminoso, constava material do IDEG. Em respeito aos nossos alunos e alunas, docentes e colaboradores investigamos a fundo para entender o que se passava e quem estava por trás do crime.
O resultado foi que encontramos as pessoas e já estamos tomando as medidas cabíveis. Iremos até o fim com isso.
Para ter ideia da operação, tentamos comprar os materiais e aulas ofertados pelos criminosos. Na primeira tentativa, o material não chegou e perdemos o dinheiro em um calote. Na segunda tentativa, conseguimos obter algumas aulas do material, tudo incompleto. E adivinhem? São cursos de 2016, obviamente, desatualizados e vendidos – pelo anúncio – como curso de 2018-2019.
Aliás, em 2016, o IDEG não contava com o aparato de segurança que hoje possui. Ao indagarmos o criminoso, ele disse que não consegue mais baixar os vídeos do IDEG. Ponto para a escola.
O professor e coordenador geral do IDEG gravou um vídeo e fez o texto abaixo sobre este tema. Pedimos a sua atenção para este assunto tão importante, a fim de conscientizar você e não prejudicar seus estudos!
Mas, vamos falar um pouco mais sobre essa questão dos rateios e pirataria para o CACD
Antes de tudo, é preciso esclarecer que o rateio de acesso, a gravação não autorizada e a revenda de cursos são crimes e as penalidades estão previstas na LEI No 10.695, DE 1º DE JULHO DE 2003. e posteriores considerações.
Infelizmente, as ações desses bandidos são, em grande medida, reforçadas por concurseiros e bastante disseminadas em outras áreas de preparação, sobretudo, carreiras jurídicas e fiscais.
O impacto dessa conduta fez com que cursos de excelência fechassem suas portas e docentes de alta qualidade desistissem de preparar candidatos(as). Tive a oportunidade de, por muitos anos, lecionar para essas áreas e vi de perto esse êxodo que levou à perda de grandes cabeças.
É preciso perceber que grande parte dos professores não se dedicam apenas às aulas e possuem cargos bem remunerados no governo. Portanto, a pirataria afeta imediatamente a decisão de dar ou não aula para esses docentes. O que quero dizer: “com a pirataria e a prática criminosa de rateios quem perdeu foram os(as) alunos(as) que deixaram de ter bons cursos, professores e professoras. Simples assim.”
Por que a preparação ao CACD é mais preservada (porém, não livre) de práticas de rateio e pirataria do que outras áreas?
Por um motivo simples, ao meu ver. A consciência dos alunos e das alunas fala mais alto nesse pequeno nicho de estudo. É mais fácil para essa comunidade se sentir lesada ao ver o colega ou a colega fazendo o rateio ou mesmo roubando uma aula gravada. Obviamente, isso tem como fundamento o cargo almejado. A carreira diplomática exige rigor, disciplina e honestidade.
O próprio concurso nos dá essa informação diretamente. Não se passa no CACD em um ou dois anos. O candidato deve cumprir um caminho árduo de dedicação e estudo para chegar ao cargo. Em uma palavra: no mundo do CACD não se “atalha” caminho. Quem tenta dar “jeitinho” cai fora. Quem tenta pular espaço na fila, frustra-se. É um concurso de alto desempenho que não aceita contratar pessoas que tentam pular etapas rompendo a ética.
A pirataria é tão somente uma forma de tentar um “jeitinho”. Ou seja, é exatamente aquilo que menos se aceita no corpo diplomático. É precisamente o que não esperamos de um diplomata. Tudo de que o Brasil não precisa nesses tempos ou em nenhum outro tempo. E pior, é um “jeitinho” que esbarra na ética. O pior dos “jeitinhos”. Aquilo que desqualificará o sujeito como diplomata para o resto de sua vida.
Quem procura esse caminho, deixa aos poucos de ser diplomata. Lentamente, afasta-se do objetivo e quando percebe já não encontra mais o rumo. Porque a dinâmica do cotidiano de estudo é preparada para eliminar pessoas assim. A diplomacia é acima de tudo vocação.
Por isso, quem passa na prova não busca romper a ética. Sabe que é um pressuposto para a carreira diplomática.
Ter pessoas na comunidade que dão “jeitinho” apenas atrapalha nossa vida.
Voltemos a falar com pessoas éticas e que são lesadas por “caronas”.
As pessoas de má índole criam dificuldades para os professores e professoras que são extremamente capacitados e capacitadas. Fazem com que cursos tenham que se desdobrar para manter as contas e sobreviver para prestar um serviço de excelência para quem quer realmente passar na prova. E, por fim, lesam os bons alunos e as boas alunas.
Obviamente, para cada ato de pirataria – para manter os elevados custos de operação – os cursos são obrigados a repassar parte dessa perda para o preço e quem perde é o bom pagador.
Peço, pois, para que tais práticas sejam desincentivadas nessa comunidade. O IDEG sempre esteve aberto a ouvir a história de cada aluno e aluna. Sempre tentamos viabilizar o estudo de todo mundo. E fazemos isso com carinho. Sabemos das dificuldades e queremos superá-las. Nosso atendimento é humano e sempre customizado. Se tem dúvida disso, pergunte a qualquer um que se prepara há algum tempo.
Agora, falo apenas com aqueles e aquelas que já utilizaram aulas piratas ou rateios.
Já ouvi de pessoas como você o seguinte. “Ah, mas eu fiz isso só para tentar passar nas provas. Afinal, a preparação é cara. Quando for diplomata não farei mais isso.”. Então, deixa eu te contar uma coisa adulta. Se você não percebeu ainda, quando a questão é ética, não dá pra dizer que hoje eu sou “assim”, mas amanhã serei de outro modo. Isso é uma questão de caráter.
Faça isso uma vez, e você revelará (a si mesmo) que é incapaz e será para sempre alguém que na dificuldade recorre ao “jeitinho”. Aliás, se você já fez isso – pirateou ou rateou cursos – faço um convite: busque em sua memória momentos em que você esteve em dificuldade. Aposto a escola que você encontrará “jeitinhos” que foram dados. Ou seja, na dificuldade – você que rateia cursos ou pirateia aulas – corre para os braços daquilo que é fácil, mesmo que seja desonesto. Porque você funciona assim.
Hoje dá um jeitinho com pirataria, amanhã pegará propina no governo ou fará corpo mole para que alguém receba valores indevidos. Porque funciona assim, né? É na base do “é só uma vez” ou do “todo mundo faz”.
Deixa-me contar um segredo. O CACD não é fácil. Se você não lida bem com coisas difíceis, faça outra coisa da vida. Se não aguenta o tranco, não tente ser um diplomata sem ética. Não espere o abraço de consolo dos “jeitinhos”. Essa comunidade é preservada. Aqui cursos, docentes, alunos e alunas trabalham duro para superar dificuldades. Isso faz parte de nossos caminhos, queremos superar e ir além. É isso que nos motiva.
Certo. Então, como devo fazer para gastar bem meu dinheiro e não ter que piratear nada?
Construa um estudo parametrizado pela sua disponibilidade de horas de dedicação e pela sua capacidade financeira. Compre poucos cursos por vez, dentro de suas possibilidades. Pague de forma honesta aos cursos e professores, assim, você terá acesso constante para tirar dúvidas, saberá a quem recorrer quando problemas acontecerem e garantirá sempre um estudo atualizado.
Além disso, procure cursos que te atendam de forma humana e compreendam seus problemas e restrições. Fuja de cursos que te prendem por contratos. Fique no curso porque você gosta da aula, do método, da carga horária, do docente e do atendimento. Por tudo isso, vale a pena pagar o dinheiro.
Converse com aprovados no CACD e pergunte se essa proximidade não é relevante. Arrisco dizer que para certo momento da preparação, essa estrutura é mais importante do que a própria aula.
Pague com honestidade e nós, com honestidade, lhe ajudaremos com todas as dificuldades. Esse é o funcionamento da preparação e assim deve ser. Com isso, custos operacionais serão cobertos, docentes serão remunerados na medida exata daquilo que seu trabalho vale e você terá o ensino de alta qualidade e o acolhimento que esse concurso demanda. Ou seja, é nesse ponto em que reside a grande complexidade do CACD.
Atalhos rápidos, são atalhos falsos!
Sejamos honestos uns com os outros. Bloqueemos ações indevidas e preservemos essa comunidade. Talvez, ela seja uma das poucas coisas que restam nesse país livre de “jeitinhos”. Mas, para que isso dure e se cristalize é preciso que todos e todas defendamos esse ambiente.
O IDEG se abre para a história de qualquer aluno ou aluna que aqui chegar. Sempre tentaremos viabilizar o estudo e manteremos o equilíbrio. Portanto, acessem nossos canais de comunicação, fale conosco. Nosso trabalho é esse.
Espero que esse recado seja transmitido e retransmitido. A oferta de rateios e pirataria que me levou a escrever é algo que afeta, no íntimo, os cacdistas. Vamos lutar por aquilo que sustenta o estudo.
Obrigado pela atenção!
Prof. Marcello Bolzan