CONVERSA COM A DIPLOMATA ANNA MAMEDE

CONVERSA COM A DIPLOMATA ANNA MAMEDE

Anna Mamede foi uma das três mulheres aprovadas no CACD 2018.

O IDEG promoveu uma semana de conversas com alguns recém aprovados e a Anna teve uma participação maravilhosa e especial. Nessa conversa, ela nos conta um pouco de sua trajetória e das estratégias de estudos que adotou nesse período.

Separamos neste post alguns pontos principais abordados por ela e que são de extrema valia para quem está começando os estudos ou já está há um tempo neste caminho.

Seguem algumas dicas e reflexões abordadas por ela:

Passo inicial importantíssimo: desmistificar o concurso e a carreira diplomática

O concurso para a carreira diplomática é, para a maioria das pessoas, algo inatingível e, a carreira, apenas um cargo cercado de glamour. Esse falso imaginário repele muitos(as) candidatos(as) potenciais do CACD por não conhecerem a realidade de um dos maiores concursos do País. Antes de decidir estudar para o concurso, Anna conta que trabalhou próximo a diplomatas e esse ambiente fez diferença na concepção que ela tinha do concurso e da carreira. Este momento, diz ela, foi fundamental para entender que o concurso é um objetivo de longo prazo, trabalhoso, mas jamais impossível. Era preciso ter vontade, maturidade e uma boa dose de pragmatismo.

Os (as) diplomatas com quem ela conviveu contaram também um pouco do dia a dia de trabalho no Itamaraty. Assim como qualquer cargo, cujas atribuições são amplas e qualificadas, a rotina é intensa: acordar cedo todos os dias, suar a camisa ao decorrer do dia e lidar com desafios novos. É uma rotina estimulante para quem tem garra, sobretudo para quem é mulher.

Anna, como uma das poucas mulheres aprovadas no concurso, esteve consciente desde o começo das dificuldades que enfrentaria como mulher. Esse exercício de autopercepção foi também fundamental para que ela transformasse em motivação estruturas sociais perversas, e não deixasse se intimidar. O resultado a gente já sabe: a aprovação em 2018.

Sobre os estudos ao CACD:

Quando o assunto é “métodos de estudos”, a gama de informações a que temos acesso é diversa.  Existem erros que todo iniciante comete por deparar-se com uma demanda nova de organização. Por isso, torna-se fundamental o contato com aprovados(as) ou candidatos(as) mais experientes para ter uma noção mais clara dos desafios dessa trajetória. Analisando diversos relatos, chegamos à conclusão que todos convergem em dois conselhos: necessidade do autoconhecimento cognitivo e capacidade de síntese no material acumulado. Com Anna não foi diferente.

Contabilizar estudos por horas líquidas ou pontos trabalhados do edital? Fazer fichamentos ou ler várias vezes aquele capítulo? Como sintetizar o caderno? Mapas mentais são importantes? As respostas para essas perguntas vêm com a bagagem de estudos, mas compilamos aqui algumas dicas valiosas compartilhadas pela Anna.

Ela ressaltou como em sua preparação elaborar mapas mentais foi fundamental, pois serviu como instrumento de manipulação das informações adquiridas em um 3° momento – quando já se tem uma bagagem considerável. Eles são também importantes para possibilitar uma revisão integrada e de qualidade nas vésperas da prova. Agora como elaborá-los:

  • Método para um dos pontos no edital de Política Internacional: relações bilaterais. Ela criou uma pastinha para cada relação bilateral, por exemplo Brasil e Argentina, onde ia colocando as informações em subtópicos: histórico, atualidades etc.
  • Além disso, ela tinha o costume de tirar partes do material integral para construir o material de revisão. Isso a possibilitava ter uma visão mais sóbria sobre o conteúdo, sentindo-se capaz de revisá-lo no momento pré-prova.
  • A preparação para a segunda fase: não dá tempo de estudar entre primeira e segunda fases, então manter constância nas redações, traduções e versões é fundamental, em todos os idiomas cobrados no edital.

 

Fator tempo nos estudos

Cronometrar o tempo líquido de estudos? Estudar por metas diárias?

Para questões de 3° fase, Anna nos conta que não cronometrava tempo e revisava todo o conteúdo da questão antes de escrevê-la. A estratégia para ela foi tão eficiente que ela passou na primeira vez que fez a 3° fase. No entanto, esse não é o padrão de comportamento dos(as) candidatos (as), em geral.

Sob esse aspecto, é importante ressaltar que exercício não é mensuração de desempenho, porque não é possível recriar a terceira fase em casa. Exercício é uma ferramenta de estudos. Por isso, fazer de cabeça ou pesquisar antes de escrever, é uma questão secundária.

Tempo diário de estudos: contabilização do tempo dedicado aos estudos para ela foi importante, pois auferia ao dia-a-dia uma sensação de rotina. Essa percepção a estimulava a manter a constância.

Motivação

Freqüentemente percebemos em candidatos(as) a motivação como algo romantizado. O sonho de ser diplomata é, certamente, uma motivação. Mas ele, isolado, não sustenta o fôlego durante anos de estudos. Assim, pequenos objetivos diários fazem toda a diferença para manter o fôlego. Anna conta que sua motivação mantinha-se ao perceber que conseguia atingir as metas diárias de estudos.

Frustrações

Mesmo que solitário, o caminho até a aprovação pode ser leve e minimamente compartilhado. Saber que todos passam pela mesma situação de pressão e que as dificuldades inevitavelmente aparecem, ajuda-nos a seguir em frente e a lidar com o sentimento de fracasso. Verdade seja dita: ninguém estuda 12 horas por dia, o tédio bate, mas saber contornar essas situações faz parte da resiliência.

Anna não passou na primeira fase em 2016, e ficou de agosto a novembro sem estudar. Depois dessa experiência, ela aprendeu a lidar melhor com as frustrações.

Importância do apoio familiar

Quando falamos família, a referência não é apenas ao núcleo próximo de pai, mãe e irmãos, mas todas as pessoas queridas que vibram em nosso favor. Entender que muitas cobranças e expectativas existem porque elas participam em algum nível deste propósito conosco, é fundamental para evitar desconfortos. A presença delas nesses momentos é importante.

 

Assista a conversa na íntegra com a Anna: ↓