Como saber se a prova discursiva de francês vai voltar?
*Por Mariana Lima
Para planejar os estudos de francês para o CACD, nada melhor do que entender a evolução da prova ao longo dos últimos dez anos. Vamos conhecer mais detalhadamente a prova que vocês querem prestar?
1. A PROVA OBJETIVA: 2014 e 2015- Vários textos de referência para 25 questões objetivas, cada uma com quatro itens do tipo CERTO ou ERRADO.
Este é o modelo de prova mais rápido, fácil e barato de se corrigir, vantagem inestimável para a banca organizadora.
A partir da publicação do edital do CACD de 2014, muita gente boa achou que a prova ia ficar mais fácil. Mas as estatísticas do DataLascala provam que não: como de costume, apenas os candidatos mais competitivos tiveram alto desempenho em francês e espanhol em 2015 e 2014. Confiram a imagem que vale mais que mil palavras:
Isso acontece porque, nas provas do CACD, os conhecimentos avaliados costumam exceder o nível de dificuldade dos conteúdos de cursos convencionais de francês como língua estrangeira (FLE), devido à importância dos idiomas como ferramentas de trabalho da carreira diplomática.
Na minha opinião, a prova objetiva é menos excludente, pois avalia as competências que levam menos tempo para ser adquiridas pelo falante não nativo: leitura, compreensão de textos e conhecimento das regras gramaticais. Mas isso não torna a prova mais fácil. Os textos históricos, filosóficos, literários e acadêmicos, além dos tradicionais artigos da imprensa francesa que predominaram no CACD até 2012, exigem desenvoltura, rapidez e profundidade na compreensão e interpretação textual. Aliás, devido às características dos textos, as questões de gramática e vocabulário também se tornaram mais complexas, muito além do que se estuda em cursos focados na comunicação informal em francês corrente.
2. A PROVA DISCURSIVA: 2009 a 2013- Um ou dois textos de referência para dez questões discursivas de cinco linhas cada.
Nessa época, a prova de francês do CACD adquiriu feição própria, pois deixou de usar modelos de outros testes como referência.
Na prova discursiva, a principal vantagem é ter controle total sobre a formulação da resposta. Vocês têm liberdade para deixar de lado aquele ponto de gramática que você não domina direito, aquele verbo difícil de conjugar…, contudo, mesmo os candidatos mais preparados correm o risco de perder pontos devido a erros de ortografia, concordância ou uso de maiúsculas, dificuldades comuns até entre falantes nativos.
3. A PROVA MISTA, COM QUESTÕES OBJETIVAS E DISCURSIVAS: 2005 a 2008 – Cinco a seis questões discursivas e cinco questões objetivas (de equivalência e de múltipla escolha).
Pouca gente lembra disso, mas as questões objetivas já fizeram parte desse formato mais antigo da prova. Nessa época, a quarta fase do CACD era nitidamente inspirada nos testes convencionais de proficiência em língua francesa, um misto das seções “Compréhension des écrits “ e ” Production écrite “do DALF ou DELF.
4. A PROVA DE FRANCÊS INSTRUMENTAL: 2003 a 2004- Textos de referência para perguntas de compreensão de leitura; respostas completas (verbo, predicado, complemento) dadas em português.
Quando o CACD passou a ser organizado pela banca CESPE, experimentou-se a prova de idioma instrumental, ou seja, com foco na compreensão da leitura por indivíduo não falante, baseada em estratégias facilitadoras. Esse tipo de avaliação, característico das seleções de mestrado e doutorado, não tem relevância para o CACD e foi rapidamente abandonado pela banca examinadora.
CONCLUSÃO: há três anos, nossa realidade é a prova com questões objetivas, mas não custa nada revisar, de vez em quando, as páginas 189 a 220 do Manual do Candidato (FUNAG, 2012), para maior segurança.
Mudanças de formato das provas de francês e espanhol ocorrem periodicamente. É certo que tanto os critérios de avaliação quanto o modelo de prova têm sido renovados ao longo da história recente do CACD. Essas alterações não são, contudo, aleatórias; certos temas, técnicas de elaboração de enunciados, tópicos de gramática específicos ou mesmo palavras (rayonnement, donne, enjeux…) são recorrentes ao longo dos últimos dez anos, não apenas no CACD mas também em outras provas CESPE.
É possível, portanto, conciliar preparação eficiente e serenidade diante da alta probabilidade de mudanças com base no conhecimento da evolução da prova de francês do CACD.
Bonne étude à tous,
Mariana Lima.
*Mariana Lima é professora de francês e de inglês no IDEG.