Comentários – Economia – 1ª Fase – CACD 2019
O Que Rolou Em Economia?
A prova de Economia foi, em minha análise, mais complexa do que as anteriores. Tenho certeza de que não deixou nenhum candidato ou candidata confortável, mesmo que já esteja em fase avançada de estudo econômico. De modo geral, avalio a prova como boa. Porém, o examinador cometeu pecados graves em várias assertivas. E as causas desses erros podem ser resumidos em dois grandes pontos: falta de consistência técnica (sobretudo, na parte de economia brasileira, em que a maior parte das assertivas foram copiadas de livros, praticamente. Quando isso é feito, é preciso contextualizar a retirada da obra, sem citá-la. Muitas vezes, a discussão estabelecida no livro é muito mais ampla do que aquela contida no fragmento absorvido para a questão) e falta de cuidado com a linguagem técnica (apesar de não ocorrer em todas as assertivas, em vários momentos isso dificultou muito a compreensão. Fazer uma prova de economia sem usar o “economês” é o mesmo que fazer uma prova de direito sem linguagem jurídica. Não adianta. Existem conceitos que só se explicam em linguagem técnica.). De qualquer forma, não tenho dúvidas de que a nota de economia nessa prova será reduzida de modo geral. É natural. Porém, estou muito feliz com o resultado dos cursos que ministrei. Tenho certeza de que a decisão da estratégia foi a acertada e que deve ter ajudado muito os candidatos e candidatas. Agora, corram com os recursos. Temos muito o que fazer. Boa sorte e forte abraço!
Marcello Bolzan
Professor de EconomiaAtenção! O professor Marcello Bolzan usou como base para os comentários a prova de TIPO C
66.1 – E
Quando Bacen vende moeda estrangeira, ele retira moeda nacional de circulação. Acarreta assim valorização da moeda nacional, caso não haja nenhuma ferramenta de compensação para reestabelecer o equilíbrio (esterilização).
66.2 – C
A condição de paridade de juros, como vimos nos cursos, ocorre quando a taxa de juros nacional é igual à taxa de juros externa mais a compensação cambial. Como vimos em aula, isso quer dizer que i = i* + [(et+1 – et) / et]. Repare que essa parte mais carregada da fórmula mostra a oscilação cambial, entre os períodos t+1 e t. Porém, se o câmbio é fixo, não haverá tal flutuação cambial. Logo, a equação é reduzida a i = i*. Ou seja, os juros internos são iguais aos externos. Isso acontece na condição de paridade de juros em uma dinâmica de fixação cambial. Aqui devemos tomar cuidado com as referências bibliográficas, porque a questão não fala apenas de “paridade de juros”, como por exemplo você encontrará no livro do Krugman, mas sim em “paridade de juros em uma cenário de fixação cambial”. Outro ponto importante é perceber que não, nesse caso diferença entre os conceitos de “juros” e “retorno”. Como ambos estão balizados pelo câmbio tornam-se sinônimos, tecnicamente falando. Os argumentos estão colocados no livro “A Nova Contabilidade Social” de Leda Paulani e Marcio Bobik (p. 203 – 206). Cuidado para não perder tempo elaborando recursos que não possuem fundamento. Mas, se você quiser uma forma mais simples para entender isso, basta pensar que a condição de paridade de juros é aquela que iguala a potência de remuneração do capital entre os países. Para que isso se justifique é preciso que não haja variação cambial. Caso contrário, você teria afetação do poder de compra e dos rendimentos.
66.3 – E
Como falei muitas vezes nos cursos, a banca tenderia a tratar de forma mais profunda os temas. Percebam que nessa questão de modelo de demanda e oferta agregada, o livro do Mankiw apenas seria pouco. Apesar da questão na ser das mais complexas da prova, ela faz uma análise geral do modelo. Caso haja ampliação da oferta de moeda, no curto prazo, a taxa de juros irá cair, a moeda irá desvalorizar, a demanda agregada irá aumentar, a economia poderá apresentar inflação de demanda e a economia se aproximará do ponto de pleno emprego dos fatores, reduzindo o hiato de crescimento.
66.4 – C
Novamente, mantenho o argumento. É preciso conhecer profundamente os modelos. Essa assertiva foi uma “pegadinha” para derrubar quem decora a matéria. Como frisei constantemente nos cursos, a questão da eficácia das políticas nos diversos cenários de mobilidade de capitais e tipos de câmbio está relacionada aos impactos sobre a renda ou produto. E não sobre todas as variáveis. Isso é importante. Portanto, em um cenário de perfeita mobilidade e câmbio fixo, a política monetária perde sua eficácia sobre a renda ou produto. Porém, ao aumentar a quantidade de moeda nacional em circulação (expansão monetária), a taxa de juros tende a cair e a moeda tende a desvalorizar. Como o câmbio é fixo, o Bacen deve atuar de modo a impedir tal desvalorização. Desse modo, ele irá vender moeda estrangeira no sistema e retirar dali moeda nacional, o que provocará o regresso da curva LM ao ponto original e, naturalmente, o decréscimo das reservas internacionais do país. Ou seja, as reservas são afetadas para manter o câmbio fixo.
67.1 – C
Essa questão mostra aquilo que argumentei na avaliação geral da prova. Faltou à banca rigor com a linguagem técnica. A assertiva, apesar de não apresentar problemas gerais, ficou um tanto quanto fora do escopo econômico. Na realidade, o “quanto mais de um bem, melhor” deveria ser substituído pelo “um agente econômico sempre prefere mais a menos”. Mas, realmente, é o axioma da monotonicidade, conforme vimos no curso de revisão momentos antes da prova.
67.2 – C
Possibilidade de Recurso:
Aqui há a meu ver possibilidade de interposição de recurso por conta da ausência completa de linguagem técnica adequada no comando da questão. No texto, completamente não técnico, o examinador busca condicionar a resposta do candidato nas assertivas que viriam abaixo. Na assertiva, quando se fala em “satisfação adicional a cada unidade adicional adquirida”, não se deve pensar imediatamente em utilidades marginais decrescentes, mas sim, em utilidades marginais. De fato, ao se adquirir uma unidade a mais de um bem, tem-se uma utilidade marginal. Porém, dependendo do formato da curva de indiferença e do tipo do bem, não necessariamente a utilidade atribuída é decrescente. Existem curvas de indiferença que apresentam Taxas Marginais de Substituição iguais a zero ou infinitas. Desse modo, a satisfação adicional é reflexo da utilidade marginal obtida, mas não necessariamente da utilidade marginal decrescente.
Em outras palavras, o examinador confundiu claramente o conceito de “utilidade marginal” com o conceito de “taxa marginal de substituição”. A dinâmica de utilidade marginal decrescente ocorre apenas quando temos curvas de preferência monotônicas (ou seja, bem comportadas). Quando falamos de outros tipos de bens ou preferências a TMS não assume comportamento negativo e isso se reflete na utilidade marginal que é neutra na análise. Isto é, o comportamento da utilidade marginal depende do comportamento da taxa marginal de substituição que, por sua vez, depende do tipo do bem e do comportamento da curva no gráfico.
Esse argumento acima, está nas seguintes páginas do livro “Microeconomia” do Halo Varian – 6ª Edição -> 39 a 50, 56 – 72, com destaque para as páginas 67 – 72.
Passo a passo para elaboração do recurso:
Elaboração Recurso questão 67.2 – prova tipo C
Para elaborar o recurso, peço que repliquem o o parágrafo final da página 68 e início da 69 (https://drive.google.com/file/d/1MRe_JhJWRHWGcXlkmMDCagGMsYE9uh0C/view?usp=sharing). Ali Varian indica que a utilidade marginal não indica a tendência em si, mas depende da TMS para isso. Depois é só dizer que não existem apenas TMSs bem comportadas (em curvas monotônicas), mas TMSs com características próprios como as dos bens complementares perfeitos que podem assumir valores infinitos ou iguais a zero.
67.3 – C
Essa assertiva está correta. Quando há saciedade, se o consumidor adquirir mais de um bem irá reduzir sua utilidade geral.
67.4 – E
Perceba que a satisfação adicional negativa é reflexo da utilidade marginal representada em uma curva que apresenta Taxa Marginal de Substituição negativa. Desse modo, não se pode falar em curvas de demanda positivas, mas sim, em curvas de demanda bem comportadas, ou seja, inversas. São formadas por maximizações em curvas de indiferenças convexas para a origem, em que a TMS é negativa. Aliás, essa assertiva mostra exatamente o erro que fora cometido pela banca na assertiva “67.2”. Na presente assertiva, há a correta correlação entre Utilidade Marginal e TMS. Tudo o que faltou na assertiva anterior.
68.1 – C
Essa questão foi feita no curso de revisão Pré TPS. De fato, a NFSP é a contrapartida “abaixo da linha” do déficit nominal (total) que está “acima da linha”. É aquela abordagem em espelho que usamos.
68.2 – E
Repare que o déficit público nominal é o mais completo de todos os conceitos. Ele envolve o saldo negativo operacional do governo, o saldo negativo financeiro do governo e os impactos inflacionários ocorridos no período. A Dívida Líquida do Setor Público exclui as movimentações financeiras de endividamento do governo. Reflete apenas a dinâmica operacional. Portanto, não serve como parâmetro exato ao conceito nominal do déficit. Além disso, a dívida é utilizada para calculo dos movimentos abaixo da linha, ou seja, das NFSPs.
68.3 – C
De fato, tudo o que está acima da linha na contabilização déficit público se refere ao saldo negativo das despesas e receitas do governo, sejam operacionais ou financeiras.
68.4 – E
A política fiscal expansiva significa que o governo está ampliando seus gastos ou reduzindo sua arrecadação. Esse tipo de comportamento tem impacto positivo sobre o déficit público. Ou seja, amplia o déficit gerando maior necessidade de financiamento do setor público (NFSP). Caso o déficit não seja revertido no prazo, haverá inscrição em dívida e isso amplia a NFSP.
69.1 – C
Possibilidade de Recurso:
A assertiva indica que após a 2ª Guerra a inflação associada a uma taxa de câmbio fixa teria um efeito real de valorização do câmbio. De fato isso é o que ocorre, porque o câmbio se torna uma grande arma para a estabilização de preços. A ausência de reservas conversíveis (ilusão de divisas), alta inflação e instabilidade externa levaram à decisão de fixar a taxa de câmbio em patamares valorizados (isso está explícito no último parágrafo da página 109 da 2ª ed. da ordem do progresso). Portanto, reparem que “os controles cambiais” acabaram por desestabilizar a balança comercial já que induziam as importações. é preciso notar que a desvalorização da moeda não era uma opção pois redundaria em mais ampla inflação. Na página 110 da Ordem do Progresso (2ª ed), logo no primeiro parágrafo, é dito que os controles cambiais induzidos por cooperação bancária foram abandonados rapidamente, dando origem a adoção de controles aduaneiros por meio de cotização. Ou seja, aquilo que seria largamente utilizado para a tentativa de estabilização das contas externas: as guias de importação. Portanto, questiono o gabarito da questão. O governo Dutra foi justamente marcado pela menor ênfase no controle cambial e maior intensidade na utilização de sistema de cotização. O importante é notar que houve sim a utilização de “controles cambiais”, porém o erro está justamente em dizer que “esses desequilíbrios tiveram que ser contornados por meio de controles cambiais”. Na realidade, eles foram contornados em parte pelas políticas de cotização associadas à dinâmica cambial.
Passo a passo para a elaboração do recurso:
Elaboração do Recurso Questão 69.1 – Prova Tipo C
Para elaborar o recurso é preciso ressaltar que os controles cambiais foram utilizados, mas não tiveram efeitos intensos sobre a estabilização das reservas (porque a desvalorização da moeda, ou seja, a flexibilização cambial acarretaria um comportamento de elevação de preços, como indica o último parágrafo da pág 109 da Ordem do Progresso) e foi logo complementado pela política de controle por cotas (como indica o segundo parágrafo da p. 110 da Ordem do Progresso). Essa sim, foi a preponderante durante o governo. Apesar de não corrigir totalmente o problema, as guias de importação, no curto prazo tiveram mais efeitos do que os controles cambiais.
Páginas específicas: https://drive.google.com/file/d/0B6BI_e_-15Xzd1pHeGZzR2NOaS0xOVJWdHp2WG9yaHlvYnBR/view?usp=sharing
69.2 – C
De fato, a adoção de um sistema de minidesvalorizações foi utilizada para estimular as exportações e, junto de outras medidas, obteve sucesso. O que poderia deixar em dúvida é a referência à inflação no período. Porém, perceba que o examinador não diz que a inflação aumentou (o que estaria errado). Simplesmente, afirma que a inflação poderia causar uma inversão cambial prejudicando o comércio.
69.3 – C
Durante o Plano Cruzado, a fixação cambial deveria ter como resultado a expansão das exportações. Porém, a inflação causa a queda da taxa de câmbio real e isso valoriza a moeda, provocando perda de reservas. O prolongamento da fixação amplia esse problema.
69.4 – C
Fato. A abertura comercial iniciada nos anos 1990, indica tendência de valorização da moeda (exceção aos anos de 1991 e 1992) o que distancia claramente as exportações das importações. Aquelas aumentam (1990 -1999) 60% ao passo que essas são ampliadas em mais de 250%. Esse processo dificulta a utilização da ferramenta cambial como controle em ancoragem. Note que a palavra usada é “afetou a eficácia” da política cambial, mas não “inviabilizou” a política cambial.
70.1 – C
Possibilidade de Recurso:
Assunto bastante discutido em sala também. De fato, esse tipo de comportamento foi muito evidente durante o Regime Militar. A utilização dos orçamentos das estatais camuflava os gastos centrais do governo. Obviamente, geram-se desequilíbrios brutais para essas empresas. O ponto fraco dessa assertiva é novamente a linguagem técnica utilizada de forma incorreta. Não se trata de “déficit primário”, mas sim, de “resultado negativo nos orçamentos fiscais e de investimento das estatais”. Falar em déficit primário para investimentos das estatais é algo bastante distante da realidade técnica da economia. Penso que possa até caber um recurso nesse sentido para a questão. A lógica não foi afetada, mas a forma da composição da assertiva poderia confundir o candidato bem preparado.
Passo a passo para elaboração do recurso:
Elaboração do Recurso Questão 70.1 – Prova TIPO C
Para elaborar esse recurso é preciso destacar que há a má utilização da linguagem técnica econômica. Isso porque o termo “foi efetivadO” está colocado de forma incorreta na questão. Reparem que ele deveria se referir ou a “investimentos púbicos (apesar da vírgula existente)” ou a “Déficit Primário”. Porém, o examinador, ao compor a questão coloca os termos “foi EFETIVADO” ligado ou a “REALIZAÇÃO de investimentos públicos” ou a “REDUÇÃO do déficit primário”. Existe um erro material na questão. Ela deve ser anulada.
70.2 – E
A questão não apresenta problemas. Existem vários erros. Há intensa discussão acerca do diagnóstico inflacionário do PAEG, vencendo o debate aqueles que atribuem causas híbridas. Além disso, o CONEP é suplantado pelo CIP e os parâmetros adotados para a contenção dos preços é a dinâmica de custos e não o tabelamento de preços públicos. O examinador copiou e colou da ordem do progresso.
70.3 – E
Uma questão clássica sobre Plano Real. Discutimos isso em sala também à exaustão. Bastava lembrar que uma das medidas ficais do Plano era justamente a internalização da dívida externa e a avocação das dívidas subnacionais para o controle central. Esse fato aumentou a vulnerabilidade do endividamento em relação à taxa de juros. Quando os juros são elevados para conter os ataques, o endividamento interno se amplia de forma considerável.
70.4 – E
Então, essa é aquela questão sem pé nem cabeça que só tem um objetivo… tirar nota de quem não deixar em branco. Na verdade, em todas as provas de economia tem uma ou duas dessas. Essa é a primeira. Se você nunca viu nada sobre a SEST (o que é bastante provável), não tem como responder à questão. A SEST foi uma secretaria razoavelmente importante criada em 1979 em um momento no qual o Regime Militar começa a empreender um movimento de reforma do aparelho do Estado. Nomes importantes nesse período são de Hélio Beltrão e Nelson Mortada. Essa Secretaria irá viajar no tempo e reaparecerá no governo FHC já englobada pela Secretaria do Planejamento até ser finalmente integrada no governo de FHC ao MPOG.
71.1 – C
Possibilidade de Recurso:
A questão em si está correta. A Lei bancária de 1890 é quem fundamenta as operações do BEUB (Banco dos Estados Unidos do Brasil), conforme falamos em aula. Além disso, as emissões são inconversíveis sob o ponto de vista metálico, já que seriam emitidas por meio da emissão de títulos públicos que absorveriam as letras cambiais ditadas em ouro que estavam em posse dos bancos e agentes privados. Porém, volto a elucidar a necessidade de postura técnica na construção da questão. Essa questão foi retirada (para não dizer copiada) do segundo parágrafo da página 38 do livro a ordem do progresso (2ª ed). Esse texto é de Gustavo Franco. O referido parágrafo, na obra, se dá após longa elucidação sobre a dinâmica de “conversibilidade metálica”, ou seja, a questão da crise de liquidez. Só seria possível emitir moeda nacional tendo como lastro o ouro. Qualquer moeda emitida fora desse lastro seria inconversível – ou seja, não poderia ser trocado por metal. Esse é o conceito de “conversibilidade”. O que o examinador tentou foi criar uma “pegadinha” que induziria o candidato ao erro de pensar que a inconversibilidade estaria ligada à impossibilidade de aquisição da moeda que fora emitida. Essa pegadinha seria possível, realmente. Porém, é preciso atentar que muitas vezes copiar e colar uma questão de um texto (como foi feito) pode gerar inconsistências técnicas se o contexto não for acompanhado. Repare que em momento algum, a banca diz que a conversibilidade é em relação aos metais. No texto, Gustavo Franco, antes de usar o termo conversibilidade discute claramente o padrão ouro e a crise de liquidez. Sem tal contexto, afirmar que a moeda é inconversível levaria à generalização do conceito de conversibilidade. A moeda emitida era inconversível em relação ao lastro ouro, mas não em relação aos títulos públicos ou mesmo letras cambiais em posse dos bancos. O corpo da Lei Bancária de 1890 (Decreto 164 de 17 de janeiro de 1890) não faz referência alguma à “inconversibilidade”, o que é óbvio naquele período, já que a lógica do padrão ouro era a regra. Porém, em nossos dias, a contextualização para uma análise correta e técnica é fundamental. Os parâmetros do padrão ouro deveriam ter sido colocados na assertiva ou, pelo menos, no comando da questão.
Passo a passo para elaboração do recurso
Elaboração do Recursos – Questão 71.1 – TIPO C
O importante nesse recurso é mostrar que a construção da questão não levou em conta o contexto do padrão ouro que é fundamental para a analisar o conceito de conversibilidade que fora colocado na questão. O examinador, ao não mencionar o padrão nem no comando da questão e nem na assertiva, deixa aberta a possibilidade de entendimento do conceito de “conversibilidade” em relação aos títulos cambiais que estavam em poder da iniciativa privada. Esses realmente poderiam ser trocados pelas moedas emitidas pelo BEUB. Portanto, sem menção ao padrão ouro podemos entender que a moeda era sim conversível em relação a algo: aos títulos cambiais em posse da iniciativa privada.
71.2 – C
Não há problema aqui. Com a Lei bancária afasta-se da cotação do padrão ouro e aproxima-se da emissão com fundamento em dívida pública.
71.3 – C
É a continuação da assertiva supracitada nesse documento. O mecanismo de camuflagem dos gastos via orçamento das estatais associado a um aumento da carga tributária deu fôlego à emissão de títulos públicos que fundamentariam a expansão monetária no período. O vazamento dessa emissão foi destinado como crédito privado ao sistema.
71.4 – C
Pois é. O banco ganha sempre. Falamos disso em aula recorrentemente. Esse é um dos desdobramentos da ciranda bancária que ocorre nos momentos de alta inflação. Os bancos lucram com o processo de elevação de preço porque conseguem trabalhar com taxas de juros em fixações (pré ou pós) distintas. Além disso, a dinâmica de captação para os bancos é favorecida (as pessoas querem guardar o dinheiro em aplicações rentáveis e corrigidas), por um lado. Por outro, como os preços sobem o custo bancário para empréstimos é elevadíssimo. Ou seja, o banco cobra um valor muito alto no empréstimo (acima da inflação) porque as pessoas precisam de moeda em face à elevação dos preços.
72.1 – E
Essa é a segunda questão da prova que merecia ser deixada em branco, se você não conhecesse o modelo. No modelo de Harrod – Domar, a taxa de crescimento do produto é dada pela relação entre a proporção poupança sobre produto e a proporção capital sobre produto. Ou seja, o crescimento econômico é visto pela capacidade que uma economia tem de transformar o estoque de capital disponível em poupança ativa (que é igual ao investimento). Ou seja, a capacidade de ampliar a produtividade do capital e gerar produto. No fundo, esse modelo é aquele que influencia o pensamento de Robert Solow.
72.2 – C
Possibilidade Recurso:
Então, novamente o examinador pecou pela falta de rigor técnico e ausência de acabamento na linguagem econômica. De forma mecânica, a questão está correta. Para Solow, aumentos na taxa de poupança per capita resultam em um crescimento do produto per capita, apenas no curto prazo. Afinal, no longo prazo, a lei dos rendimentos decrescentes traria um efeito marginal decrescente a cada novo incremento de capital por trabalhador (per capita). Como a depreciação segue dinâmica linear, haveria um momento de cruzamento das curvas de investimento por trabalhador com a curva de depreciação que levaria o sistema a um ponto estacionário. Ou seja, mecanicamente, a questão está correta. No entanto, você perceber que utilizei sempre os conceitos “per capita” ou “por trabalhador”? Isso porque no modelo de Solow não existe “taxa de poupança”, ou “investimento” ou “capital”. Mas, sim, estruturas relativas: taxa de poupança por trabalhador, investimento por trabalhador e estoque de capital por trabalhador. Quando falamos em “capital”, estamos falando na variável “K”. O modelo de Solow fala na variável “estoque de capital por trabalhador”, ou seja, k = K/L. Note que um aumento no capital pode ser compensado por um incremento na variável “L” e a relação de estoque de capital por trabalhador não se alterar. O examinador errou aqui. Essa questão deve ser anulada.
Passo a passo para elaboração do recurso
Elaboração do Recurso – Questão 72.2 – TIPO C
Para esse recurso é preciso explicitar o fato de que o modelo de Solow só se justifica a partir de variáveis relativas, ou seja, não se fala em CAPITAL, mas sim, em ESTOQUE DE CAPITAL POR TRABALHADOR. A diferença matemática é gritante no modelo. Perceba que capital é dado pela variável “K”, ao passo que o estoque de capital por trabalhador é dado por k = K/L. Quando se trabalha com variáveis relativas o aumento de uma delas pode ser compensado pela variação na outra. Portanto, a questão deve ser anulada porque o que se descreveu no comando da assertiva não se justifica no modelo de Solow. Veja a construção das variáveis relativas contida no texto de Macroeconomia de Blanchard (5ªEd.) pág. 211 – 213
Texto: https://drive.google.com/file/d/0B6BI_e_-15XzNWNTV2gyY0l1N0hYeWp2SkFGWEJlTXRuQV9Z/view?usp=sharing
72.3 – C
Possibilidade de Recurso:
Novamente, a mecânica correta. Porém, o modelo de Solow não fala em “capital” ou “produto”, mas sim, em “estoque de capital por trabalhador” e “produto por trabalhador”. Outra questão que deve ser anulada.
Passo a passo para elaboração do recurso
Elaboração do Recurso – Questão 72.3 – TIPOC
O argumento é o mesmo do utilizado na assertiva 72.2. Segue a referência.
Texto: https://drive.google.com/file/d/0B6BI_e_-15XzNWNTV2gyY0l1N0hYeWp2SkFGWEJlTXRuQV9Z/view?usp=sharing
72.4 – C
Fato. Inovações, ampliação de capital humano e retornos crescentes de capital em países desenvolvidos explicam nessas teorias o desenvolvimento de longuíssimo prazo. Não há erro na assertiva.
73.1 – C
Quando estamos falando de uma economia capaz de influenciar os preços do resto do mundo, a imposição de uma tarifa no sistema (que deveria criar perdas ao consumidor pela elevação do preço final) pode ter seus efeitos compensados por uma queda no preço mundial. Afinal, a tarifa reduziria a demanda a princípio e isso forçaria os preços mundiais para baixo.
73.2 – E
O subsídio tem como resultado a elevação do preço final e isso lesa os consumidores. Nós vimos isso na aula de revisão do curso Pré TPS, momentos antes da prova. Quando se impõe um subsídio às exportações o preço se eleva no país exportador e o preço cai no país importador. Ou seja, os consumidores do país exportador são lesados em bem-estar
73.3 – E
Questão clássica essa. Sabemos que as tarifas ampliam a receita do governo e as cotas ampliam a receita dos importadores. Portanto, não há o mesmo efeito para o governo.
73.4 – C
Outra questão clássica que vimos no curso de revisão. Os tarifas não possuem efeito no longo prazo. Portanto, no curto prazo podem ser usadas como combate aos preços, mas no longo prazo deixam de ter eficácia (pois a sobrevalorização do câmbio inviabiliza a tarifa) e isso pode ser um risco, já que estimula as importações.