O trabalho no CACD: da escravidão colonial à diplomacia na OIT

O trabalho no CACD: da escravidão colonial à diplomacia na OIT

O trabalho no CACD: da escravidão colonial à diplomacia na OIT

✍️ Introdução

O Dia do Trabalho, celebrado em 1º de maio, é uma data simbólica que ganha ainda mais sentido quando olhada a partir da perspectiva do CACD. O tema do trabalho atravessa diversas disciplinas do concurso, aparecendo em contextos históricos, econômicos, políticos, jurídicos e geográficos. Mais do que memorizar fatos, compreender como o trabalho é representado e disputado nas diferentes esferas da sociedade ajuda o candidato a desenvolver um olhar crítico e interdisciplinar — essencial para se destacar nas provas discursivas.

Neste artigo, mostramos como o tema do trabalho aparece nas mais variadas disciplinas do concurso, de forma articulada e crítica. Portanto, é uma leitura útil tanto para o estudo teórico quanto para a construção de repertório nas fases discursivas.

História do Brasil: do trabalho forçado à luta por direitos

O trabalho no Brasil começa marcado pela violência: indígenas e africanos escravizados sustentaram, por séculos, a estrutura econômica da colônia. A Revolta de Beckman (1684) e a Guerra dos Mascates (1710), por exemplo, mostram como a mão de obra era um dos principais focos de conflito político e econômico.

Na análise da professora Natasha Piedras, a Revolta de Beckman é um movimento que sintetiza tensões estruturais do sistema colonial, pois expressa tanto o descontentamento com os monopólios das companhias de comércio quanto a tentativa de retomar o controle sobre a mão de obra indígena por parte dos senhores de engenho.

Com a transição para o trabalho livre no século XIX, surgem novos desafios. O movimento abolicionista e, posteriormente, o surgimento dos primeiros sindicatos e greves na Primeira República ilustram a luta por direitos que só seria parcialmente incorporada no Estado Novo de Vargas.

História Mundial: revoluções, operariado e Estado de bem-estar

O tema do trabalho é um dos eixos centrais da História Mundial contemporânea. A Primeira e a Segunda Revolução Industrial criaram a classe operária urbana, que deu origem aos sindicatos, partidos socialistas e políticas trabalhistas.

A professora Natacha Piedras observa que a industrialização transformou a relação do trabalhador com o processo produtivo, gerando a chamada “alienação do trabalhador”. Essa mudança marcou a transição do trabalho artesanal para o industrial, com impactos duradouros sobre a organização social e política.

Além disso, a Crise de 1929 e a Grande Depressão abriram espaço para o fortalecimento do Estado de bem-estar social, modelo que buscou garantir direitos mínimos aos trabalhadores em resposta ao colapso do liberalismo clássico.

Política Internacional: o trabalho como agenda diplomática

O Brasil é membro ativo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e participa de fóruns internacionais sobre trabalho decente, erradicação do trabalho infantil e justiça social. Essa atuação se insere em uma tradição diplomática que valoriza o multilateralismo e a promoção dos direitos humanos como pilares da inserção internacional brasileira.

Segundo o professor Thomaz Napoleão, o Brasil tem se engajado em projetos como a Cooperação Sul-Sul com a OIT e em iniciativas voltadas à atualização das normas trabalhistas no século XXI. Um exemplo relevante é a Coalizão Global para a Justiça Social, lançada em 2024, com foco em trabalhadores de aplicativos e formas emergentes de trabalho.

Geografia: o espaço moldado pelo trabalho

O espaço geográfico reflete as transformações do mundo do trabalho. A reestruturação produtiva, o avanço da informalidade e os fluxos migratórios revelam como o território responde às dinâmicas da economia global.

Isso fica evidente, por exemplo, no modo como as cadeias globais de valor fragmentam o trabalho em etapas dispersas pelo espaço. O professor Thiago Rocha destaca que “para haver uma rede global de produção, é necessário quebrar, fragmentar e redistribuir o trabalho no espaço”.

Além disso, durante a análise dos dados do relatório Global Trends 2023, o professor chama atenção para o crescimento dos deslocamentos forçados e sua relação com as desigualdades econômicas globais. Esse aumento da mobilidade forçada reflete uma combinação trágica de conflitos, vulnerabilidade social e precarização da sobrevivência.

Assista ao Bate-Papo IDEG com o prof. Thiago Rocha: Global Trends 2023 – Análise dos dados de deslocamentos forçados

⚖️ Direito Internacional: normas sobre trabalho e tratados multilaterais

O Direito Internacional do Trabalho trata da proteção jurídica dos trabalhadores em escala global, por meio de tratados e convenções que estabelecem padrões mínimos de dignidade, igualdade e segurança. A OIT é a principal instância reguladora desses direitos, com influência direta na legislação brasileira.

O professor Pedro Sloboda destaca que o Brasil tem sido ativo em iniciativas como a Cooperação Sul-Sul e a Coalizão Global para Justiça Social, lançada em parceria com a OIT, com foco na atualização de políticas trabalhistas, inclusive para trabalhadores de aplicativo.

Como estudar o tema trabalho para o CACD?

  • Relacione os regimes de trabalho com contextos históricos e estruturas sociais;
  • Compreenda o papel das instituições internacionais na regulação do trabalho;
  • Analise os impactos espaciais da globalização no mercado de trabalho;
  • Estude os direitos sociais como parte do sistema jurídico internacional;
  • Aprofunde o repertório com dados atualizados e debates contemporâneos.

️ Conclusão

O tema do trabalho não está restrito a uma única disciplina no CACD. Pelo contrário, ele atravessa os conteúdos de História, Geografia, Direito e Política Internacional. Por isso, representa um campo riquíssimo de análise crítica e interdisciplinar. Além disso, permite ao candidato construir argumentos sólidos nas questões discursivas.

Mais do que conteúdo técnico, estudar o trabalho é também refletir sobre projetos de sociedade — e sobre o Brasil que você deseja representar como diplomata.

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Neste 1º de maio, o IDEG celebra com você a jornada de quem transforma o estudo em missão — e o trabalho em propósito.