Comentários – Português – 1ª Fase – CACD 2019

O Que Rolou Em Português?

Atenção! Para a correção dessa prova, o professor Caco Penna usou o modelo de prova de TIPO A

1.1 – E

A razão pela qual a inscrição de Maria José fora aceita foi o fato de não haver na lei nenhum impedimento para tal. O fato de haver carência de pessoal foi o responsável pela abertura do concurso em si.

 

1.2 – C

Possibilidade de Recurso:

A banca considerou a afirmação como errada. Segue minha argumentação contrária:

Embora o chanceler receie que uma mulher possa não ser apta a desempenhar com proveito a diplomacia, ele deixa claro que só quem pode mostrar isso é o seu desempenho nas provas do concurso, ou seja, Nilo Peçanha é reticente em relação ao desempenho do ofício por uma mulher, mas não apresenta nenhuma objeção em relação à inscrição propriamente dita, afirmando, inclusive, que não pode “restringir ou negar o seu direito, toda vez que as leis existentes não restringem nem negam”.

 

1.3 – E

Não há, no texto, qualquer informação a respeito dos concursos realizados nos dias de hoje. Embora se saiba que algumas instruções foram alteradas (como, por exemplo, a idade do candidato) e outras se mantenham, tal informação cobraria um conhecimento externo, desrespeitando o comando da questão, que pede o julgamento “com base nas ideias apresentadas no texto”.

 

1.4 – C

De acordo com o texto, Nilo Peçanha deferiu o requerimento no mesmo dia, podendo, então, afirmar-se que foi “rapidamente”.

2.1 – C

Na sentença referida, o verbo “haver” é utilizado com seu valor pronominal, com o sentido de “lidar com”, “arranjar-se”, “ajustar-se”; a omissão do pronome alteraria, portanto, o seu sentido, trazendo incorreção e incoerência ao texto.

 

2.2 – E

O ponto e vírgula referido na questão separa duas orações coordenadas, sendo a segunda uma assindética com valor conclusivo. Antecedendo a segunda, porém, há ainda uma Oração Adverbial Temporal (finalizada com a sua devida vírgula, por estar antecedendo a sua principal). A substituição do ponto e vírgula por uma vírgula simples prejudicaria a clareza do texto, uma vez que a subordinada está associada apenas à segunda oração coordenada. Em nome da clareza, pede a correção gramatical que se mantenha, portanto, o ponto e vírgula, podendo este ser até mesmo substituído por dois pontos.

Outra possibilidade seria substituir por uma vírgula e acrescentar uma conjunção conclusiva seguida de outra vírgula para marcar a intercalação da subordinada (…Secretaria de Estado, portanto, após 15 anos sem a realização… ), mas a questão não propôs tal acréscimo.

 

2.3 – E

No referido trecho, o verbo “aspirar” foi utilizado no sentido de “objetivar, ter como meta”, sendo, portanto, obrigatória a utilização da preposição “a”.

 

2.4 – C

De acordo com o texto, a “sentença” apresentada a partir da linha 65 foi adicionada posteriormente. Sendo assim, como afirma a questão, a forma nominal “adicionada” concorda com o núcleo “sentença”, ao qual se refere.

 

 

3.1 – C

Embora, na linha 7, o autor fale sobre as “políticas linguísticas”, um pouco mais abaixo, na linha 22, ele deixa claro que os pontos discutidos a respeito do enquadramento da linguagem foram, “sobretudo, um debate político em torno da língua”.

3.1 – C

Embora, na linha 7, o autor fale sobre as “políticas linguísticas”, um pouco mais abaixo, na linha 22, ele deixa claro que os pontos discutidos a respeito do enquadramento da linguagem foram, “sobretudo, um debate político em torno da língua”.

 

3.2 – E

Possibilidade de recurso:

A banca considerou a afirmação como correta. Segue minha argumentação contrária:

O texto, por ser predominantemente informativo, cumprindo a função referencial da linguagem, apenas apresenta o fato e mostra a reação dos literatos da época. Não é possível, portanto, afirmar que o texto “critica” ou “defende” a ausência de destaque às influências das línguas africanas sobre a língua portuguesa, podendo-se, apenas, dizer que o texto “apresenta o fato”, sem emitir opinião a respeito.

Vê-se tal isenção justamente no momento em que o autor disserta: “Ressalta-se que os discursos em torno da questão da língua nacional fazem pouca ou nenhuma menção às influências das línguas africanas”. Fica evidente que “ressaltar” um fato que será desenvolvido posteriormente apresentando a visão de outros literatos da época não significa afirmar que o próprio texto faz uma crítica a isso, tendo-se como indubitável apenas a intenção em se apresentar a polêmica gerada.

 

3.3 – E

Embora João Ribeiro tenha tido um papel significativo na discussão a respeito do papel das línguas africanas na formação do português do Brasil, sobretudo “no que tange ao elemento popular”, não se pode dizer que ele “revolucionou as ideias até então existentes”, muito menos que ele fora “precursor do debate” acerca do tema, visto que, mesmo que escassa, já havia bibliografia a respeito anteriormente a ele, como os trabalhos de Macedo Soares.

 

3.4 – C

De acordo com o texto, estudiosos como “Mário de Andrade, Câmara Cascudo, Renato Mendonça, Nina Rodrigues e Jaques Raymundo, por exemplo, vincularam a sonoridade africana – seja pela tradição oral, seja pela herança musical – à formação de uma ideia de “cultura popular”.

4.1 – E

Possibilidade de Recurso:

A banca considerou a afirmativa como correta. Segue minha argumentação contrária:

O erro da construção sugerida encontra-se apenas na sentença “a autenticidade da língua do Brasil é polemizada”. Como se pode perceber no texto original, o verbo “polemizar” é transitivo indireto (utilizado, no texto, regendo a preposição “sobre”), não permitindo, portanto, a sua construção na Voz Passiva Analítica. A construção original (“polemiza-se sobre a autenticidade da língua do Brasil”) constitui, portanto, um caso claro de sujeito indeterminado.

 

 

4.2 – E

A expressão “trata-se de um debate político”, por apresentar a partícula “se” associada a um Verbo Transitivo Indireto, apresenta um sujeito indeterminado. Ao sugerir o acréscimo de um sujeito simples (“esse fato”), seria necessário tirar o Índice de Indeterminação do Sujeito, uma vez que o sujeito na nova construção não seria mais indeterminado.

 

4.3 – E

Embora se mantivesse a correção gramatical do texto, a substituição do segundo “a” por “às” acarretaria uma mudança semântica relevante para o sentido original. Como a questão propôs que os termos fossem intercambiáveis “no texto”, essa observação torna-se relevante para o julgamento do item.

Tal interferência semântica não seria tão relevante na substituição do primeiro “às” por “a”, já que, no texto, há o sentido de generalização da ideia do substantivo subsequente. Também correta a afirmação em relação à classificação sintática dos termos.

 

4.4 – C

O sentido conotativo é o uso figurativo de uma palavra. Ao falar em “chave interpretativa”, o autor não se vale do substantivo “chave” em seu valor literal, mas sim figurativo, conotativo.

5.1 – C

Augusto de Campos analisa o cenário musical brasileiro considerando não apenas os aspectos regionais, mas também o contexto mundial, como ao se referir às influências dos Beatles na “música jovem”. Além disso, utiliza-se se sua subjetividade e criatividade ao utilizar conotativamente substantivos, adjetivos e verbos – como em “implosão informativa” ou ao dizer que “Alegria, Alegria se encharca de presente” – criando, inclusive, neologismos como “substantivos-estilhaços”.

 

5.2 – E

O autor se refere à criação de Gilberto Gil e Caetano Veloso como uma ação feita “oswaldianamente”, “deglutindo o que há de novo nos movimentos de massa e de juventude”, tanto nacionais como internacionais (como Beatles). Não se pode afirmar, portanto, que, segundo o texto, a música brasileira “não sofre influências externas”.

 

5.3 – E

Os parênteses utilizados pelo autor mantêm o caráter informativo do texto, sendo predominante a função referencial da linguagem.

 

5.4 – E

Possibilidade de Recurso:

O gabarito apresentado pela banca é pertinente. Vejo, porém, uma possibilidade de recurso (veja a “observação” ao final da justificativa):

As expressões citadas na questão fazem referência ao Movimento Antropofágico, de Oswald de Andrade. Não é possível, porém, atribuir tais termos ao Movimento Verde-Amarelo, que, contemporâneo à antropofagia oswaldiana, defendia, na arte, um nacionalismo puro, voltado ao passado, sem interferência europeia. Ao Verde-Amarelismo, associam-se expressões como “preconceitos supostamente nacionalistas”, “solipsistas” e “isolacionistas”, não utilizadas na questão.

OBS: Vale dizer que, embora seja um conhecimento acessível aos candidatos, constando inclusive do currículo dos estudos do Ensino Médio, não há, no edital do CACD 2019, qualquer menção à cobrança de conhecimentos relacionados aos movimentos literários. Sendo assim, pode-se dizer que este item foge ao escopo do edital.

6.1 – E

O primeiro “como” destacado exerce, de fato, valor de conformidade (de acordo com Décio Pignatari, conforme Décio Pignatari…), diferentemente do segundo “como”, que exerce um valor modal (indicando o modo como a guitarra elétrica seria adicionada à música brasileira segundo alguns “adversários do som universal”).

 

6.2 – C

Augusto de Campos se refere ao movimento musical em questão como contrário a outras correntes artísticas que defendiam uma arte sem interferência de culturas externas, afirmando ser esse um pensamento isolacionista e solipsista, mascarado de uma aparente defesa ao nacionalismo.

 

6.3 – C

Ao acrescentar o pronome possessivo “nossa” antecedendo o substantivo “condição”, respeita-se o sentido do texto original e o uso do artigo passa a ser opcional, acarretando a possível ausência no uso do sinal indicativo de crase.

 

6.4 – E

No texto, Augusto de Campos utiliza as canções de Gilberto Gil e Caetano Veloso, bem como João Gilberto e outros compositores da época, como ilustrações de uma discussão mais ampla a respeito da atitude brasileira em relação à sua produção cultural.

7.1 – E

O acesso às “áreas controladas” pode ser autorizado por diversos Governos (Brasil, Estados Unidos e outros países envolvidos nas Atividades de Lançamento), sendo, portanto, de menor dificuldade em relação às “áreas restritas”, nas quais o acesso só pode ser autorizado pelo governo norte-americano.

 

7.2 – E

O texto afirma que as “partes” designam quais áreas serão categorizadas como “restritas”, porém o monitoramento, a inspeção e as outras atividades relacionadas poderão ser feitas apenas pelas pessoas autorizadas pelo Governo dos Estados Unidos. O verbo “poder” da locução verbal “possam monitorar” concorda, portanto, com o substantivo “pessoas”.

 

7.3 – C

Embora o acesso às “áreas controladas” possa ser autorizado por diversos governos, o acordo deixa claro que “o Governo da República Federativa do Brasil assegurará que (apenas) pessoas autorizadas pelo Governo dos Estados Unidos da América possam, de maneira ininterrupta, monitorar, inspecionar, acessar, acompanhar e controlar” o acesso à área.

 

7.4 – C

O acordo limita quais governos poderão autorizar o acesso às “áreas controladas”, porém não faz menção a qualquer restrição em relação a quais pessoas poderão ser autorizadas, ficando claro que tal determinação fica a cargo do governo autorizador.

8.1 – E

Está correta a afirmação em relação à oposição singular X plural das expressões “multicultural” e “multiculturalismo”. Não se pode, porém, substituir a conjunção adversativa “entretanto” pela concessiva “conquanto”, pois acarretaria prejuízo gramatical e semântico ao texto original.

 

8.2 – C

A forma verbal “descreve” possui sujeito elíptico, tendo como referente o termo “multicultural”. Já a forma verbal “refere-se” possui como referente “o termo multiculturalismo”.

 

8.3 – X

Possibilidade de Recurso:

A banca considerou o gabarito como correto. Porém, vejo a questão como passível de anulação. Segue minha argumentação:

Não há consenso gramatical em relação à permissão da omissão da preposição “a” para o verbo “visar” em seu sentido de “ter como fim ou objetivo”, quando o complemento não é uma Oração Subordinada Substantiva Reduzida. Há gramáticos que condenam a construção, e os que aceitam o fazem sempre mediante alguma justificativa, considerando que há visões divergentes (ao final deste documento, apresento as visões de alguns gramáticos de referência a respeito do assunto). Vale ressaltar que, mesmo os gramáticos que apresentam o uso sem preposição, utilizam, em seus textos, o verbo preposicionado – por considerar, nas gramáticas, a preferência ao uso prescrito pela normatividade, não um contexto coloquial da linguagem.

Ademais, o uso da expressão “no português do Brasil” torna maleável a margem de aceitação de determinadas construções linguísticas. Para o estudo da linguagem, o termo é pertinente, porém, para uma questão de concurso público em que se deve ter um parâmetro bem definido de referência conceitual, a expressão abre margem para ampla e fatidicamente inconclusa discussão. Aceitaríamos a próclise em início de períodos como válida, à luz do “português do Brasil” defendido por Oswald de Andrade? Relativizaremos também a regência do verbo “agradecer” (acrescentando-lhe a preposição “por” em seu complemento indireto, como registrado como uso coloquial – português do Brasil – por alguns autores)?

No ano de 2018, a própria prova do CACD utilizou em 2 questões o termo “português do Brasil”: uma teve seu gabarito trocado de C para E, e a outra fora anulada (esta tratando, inclusive, da mesma consideração sobre o verbo “visar”) . Qual meio, então, os candidatos podem usar como base para limitar o sentido entendido pela banca para esse uso? Pode-se pressupor que esses usos considerados válidos no “português do Brasil” serão todos aceitos nas redações de segunda fase?

Uma vez que o edital não define uma bibliografia única, o candidato fica à mercê da consideração da banca (que, no caso específico da questão, tanto considerando o gabarito como correto ou como incorreto, poderá basear sua justificativa em gramáticos conceituados).

Enfim, como linguista, entendo plenamente a visão da banca – e, inclusive, compartilho dela -, mas como professor de gramática normativa, sinto-me no dever de resguardar os candidatos, que, mesmo conhecendo as duas possibilidades consideradas, não possuem meios para saber qual das visões será considerada pela banca.

 

Complemento ao comentário da questão 8.3

 Visão de alguns gramáticos a respeito da regência do verbo “visar”:

 

Bechara – Não faz qualquer ressalva. Apresenta o verbo “visar” com sua regência indireta para o sentido de “pretender” e direta para o sentido de “dar o visto” (Evanildo Bechara. Moderna Gramática Portuguesa. 37ª ed. Editora Moderna. Pág. 484.)

 

Rocha Lima – Afirma a preferência para a regência indireta, mesmo destacando alguns usos com objeto direto. Com as palavras do autor:

No sentido de ter em vista um fim, pretender, deve empregar-se de preferência com a preposicao a, posto que se amiúdem, na linguagem contemporânea, os exemplos com objeto direto.

(Rocha Lima. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. 49ª ed. Pág. 541)

 

Celso Cunha e Lindley Cintra – Registra a transitividade direta, porém ressalta a divergência de opiniões entre os gramáticos. Além disso, valoriza o uso na “linguagem coloquial” e “principalmente quando o complemento vem expresso por uma oração reduzida de infinitivo” (o que não é o caso do texto proposto na questão).

Com as palavras do autor:

Esta última construção, condenada por alguns gramáticos, é a dominante na linguagem coloquial e tende a dominar também na língua literária, principalmente quando o complemento vem expresso por uma oração reduzida de infinitivo.

(Celso Cunha e Lindley Cintra. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Editora Nova Fronteira. 3 ed. Pág. 537)

 

Napoleão Mendes de Almeida – afirma a possibilidade se se utilizar a regência direta, porém, em seu “sentido translato”, ou seja, em uma associação conotativa ao sentido de “mirar, apontar”.  A questão, todavia, não considerou a figurativização do sentido ao alterar a regência, afirmando que, mesmo com a alteração da regência, mantém-se o sentido de “ter em vista, ter como fim ou objetivo”, contrariando, então, em partes, a visão de Napoleão Mendes de Almeida.

Com as palavras do autor:

No sentido de “propor-se”, visar sempre exigiu a preposição a, quer fosse o objeto constituído de substantivo quer de infinitivo: “A cura, almejado escopo a que visam às supremas aspirações do médico” — “E fabula a meu ver que visa à realçar o destino” — “Os conspiradores presos visavam a estabelecer a internacional socialista” .

Em outros sentidos, incluindo-se o de mirar, ou seja, o de apontar uma arma para, dirigir o olhar para, é transitivo direto, ainda que empregado em sentido translato: visar o alvo; visar popularidade; as notas visavam mais o professorado que os alunos.

Dada a possibilidade de quase sempre se admitir o sentido translato — e não é em gramática aceitável que um verbo mude de regência só por ter sentido figurado — a regência transitiva direta vem sendo empregada: “Tudo aquilo não visava outro interesse” — “A associação não visa fins lucrativos”.

(Napoleão Mendes de Almeida. Dicionário de Questões Vernáculas. Editora Caminho Suave Limitada. Pág. 333)

 

Outros autores de referência como Celso Luft, Domingos Paschoal Cegalla aceitam a transitividade, porém não sem uma justificativa como acompanhamento.

 

 

 

8.4 – E

O pronome relativo “que” na sentença apresentada exerce função sintática de Sujeito do verbo “sustentar”, diferentemente dos outros dois termos, que exercem função de Objeto Direto do verbo “haver”.

9.1 – C

Ao se utilizar o próprio código linguístico para se definir o significado de um signo linguístico, o autor recorre à função metalinguística. Além disso, o possível sentido no emprego do sufixo “-ismo” é feito com base na citação a Peter Caws.

 

9.2 – C

Pode-se atribuir o valor conotativo aos termos, pois, mesmo não sendo um uso estritamente metafórico, as aspas mostram que, de alguma maneira, o autor utiliza os utiliza com alguma ressalva em relação ao seu significado literal, já caracterizando a conotação.

 

9.3 – E

De fato, o “Estado-nação ´moderno´, constitucional, do Ocidente” parte do pressuposto de uma “homogeneidade cultural organizada em torno dos valores universais, seculares e individualistas”. Porém, “as sociedades multiculturais” (em referência à utilização do termo na questão) não se limitam a esse tipo de Estado-nação, existindo, também, as outras sociedades multiculturais que “são, por definição, culturalmente distintas”.

 

9.4 – C

No último parágrafo do texto, o autor faz uma reflexão a respeito do uso dos signos para designar os conceitos abordados no texto, sendo, de fato, “multicultural” um termo plural, e “multiculturalismo” uma expressão “singular por natureza”.

10.1 – E

Ao dizer que “desconfia de muita coisa”, o narrador se refere a supor ideias sobre diversos fatos – já que afirma não saber efetivamente quase nada – e não a descrer de outras pessoas, como no sentido proposto pela alternativa.

 

10.2 – E

Em momento algum o narrador se mostra contraditório em relação às suas ideias. A aparente “confusão” se mostra apenas pelo fato de o autor representar as marcas da oralidade do personagem, que segue sempre coerente em seu raciocínio.

 

10.3 – E

Segundo o narrador, tanto o passado quanto o futuro e o presente “obedecem à gente”. Ao falar sobre este último, o personagem nega que ele seja “furiável”, concluindo que, por não ser “furiável”, ele “obedece igual”. Mesmo que seja um neologismo, é possível perceber, da fala, que há uma oposição entre o “obedecer” e o “ser furiável”, o que deixa a questão incorreta.

 

10.4 – C

Guimarães Rosa utiliza, em sua obra, diversos neologismos, dentre eles o adjetivo “quinhoã”. Depreender o seu significado depende do entendimento completo do sentido do texto, aceitando, também, a sugestão proposta pela banca – sugestão esta que, neste caso, pode ser uma leitura possível, pois seria pertinente à fala transcrita.