Brasil e Moçambique: 50 anos de relações diplomáticas

As relações entre Brasil e Moçambique completam um marco histórico. Em 15 de novembro de 1975, os dois países estabeleceram laços diplomáticos que, ao longo de cinco décadas, construíram uma conexão profunda. Nesse contexto, essa parceria baseia-se em afinidades históricas, culturais e linguísticas. Atualmente, a relação alcança uma nova etapa, marcada por cooperação técnica, política e econômica renovada.

Visita presidencial e aprofundamento da cooperação

De fato, o cinquentenário foi destacado durante a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Maputo, em novembro de 2025. Na ocasião, os dois países celebraram meio século de relações com uma agenda ampla de diálogo político.

Durante a visita, o presidente ressaltou o significado histórico da data. Além disso, ele inaugurou um novo ciclo de aproximação, afirmando que a missão representou um “recomeço de uma história que nunca deveria ter parado de acontecer”. Consequentemente, foram assinados nove instrumentos de cooperação em setores prioritários, tais como:

• Saúde e Educação;
• Aviação civil;
• Empreendedorismo;
• Agricultura e tecnologia agrícola;
• Diplomacia.

Nesse sentido, é importante ressaltar que o comércio bilateral apresenta margem expressiva de expansão. O intercâmbio entre Brasil e Moçambique foi de US$ 40,5 milhões em 2024, com exportações brasileiras totalizadas em US$ 37,8 milhões, e importações de US$ 2,7 milhões. Os produtos exportados são sobretudo carnes de aves, congeladas ou resfriadas (41%), produtos de perfumaria ou toucados (4,7%) e móveis e suas partes (5%). Já as importações são compostas por tabaco descaulificado ou desnervado (95%).

Solidariedade e convergência de interesses

Desde a sua formalização, a relação entre Brasil e Moçambique tem pilares sólidos. Primeiramente, destaca-se a solidariedade entre povos que compartilham a língua e histórias de diáspora. Ademais, há uma crescente convergência em fóruns multilaterais, como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Nas últimas décadas, essa cooperação se ampliou para áreas estratégicas. Por isso, Moçambique figura hoje entre os principais parceiros do Brasil no continente africano, com destaque para projetos em desenvolvimento institucional e segurança alimentar.

Desafios e integração Sul-Sul

Essa celebração ocorre em um contexto geopolítico específico. Nesse cenário, o Brasil busca fortalecer seus vínculos com o continente africano. Portanto, a relação com Moçambique insere-se em uma agenda mais ampla de cooperação Sul-Sul.

Dessa forma, o fortalecimento dessa parceria é um passo relevante para ampliar a presença brasileira em iniciativas multilaterais. Ao mesmo tempo, contribui para objetivos partilhados de crescimento sustentável, inclusão social e redução das desigualdades.

Como se aprofundar no tema para o CACD

Para quem se prepara para a carreira diplomática, estudar essa relação bilateral é fundamental. Nos cursos teóricos do IDEG, você analisa o tema com profundidade:

Política Internacional – O professor Thomaz Napoleão utiliza o caso Brasil-Moçambique para exemplificar as dinâmicas históricas e contemporâneas da política externa brasileira com o Sul Global. Nesse sentido, ele destaca a importância das parcerias estratégicas com estados africanos, especialmente no contexto da CPLP. Além disso, o professor analisa o papel das cooperações técnicas como instrumentos de soft power e como o Brasil articula sua presença em fóruns multilaterais a partir dessas alianças.