O tempo na preparação para o CACD
O tempo na preparação para o CACD
Em uma das conversas do projeto Travessia CACD, nosso professor de Política Internacional Felipe Estre aborda a importância do uso inteligente do tempo – uma das variáveis mais importantes para os candidatos – no processo de preparação para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD).
De maneira objetiva e didática, Estre elenca dois principais tópicos relacionados à questão do tempo nos estudos para o CACD: os principais erros cometidos pelos candidatos (e como evitá-los) em relação ao tempo e como tratá-lo como um aliado.
“A preparação como uma viagem”
Assim como os preparos que uma pessoa prestes a viajar precisa ter, pensando em sua bagagem com relação à quantidade de roupas e de dias, a preparação para o CACD também demanda um planejamento a curto, médio e longo prazo.
Nesse contexto, é primordial que o candidato seja realista em relação às expectativas dessa preparação para que se organize de forma adequada.
Para isso, é necessário fazer do tempo um aliado, não um inimigo. Mas como?
6 erros comuns na preparação
1.Expectativas irreais
Pelo fato de ser um concurso de alto desempenho, o CACD tende a atrair pessoas com histórico de interesse nos estudos, independente da área. Assim, é necessário alinhar as expectativas em relação ao seu tempo de estudos com o dos seus concorrentes.
De acordo com o Guia de Estudos do Vira Lata Caramelo Descomplexado, o tempo médio de estudos para os aprovados no CACD no ano de 2023 foi de 5,67 anos.
Além de ser um tempo considerável de esforço e dedicação para o concurso, a preparação deve estar intrinsecamente atrelada a uma regularidade e disciplina – independente do quão inteligente seja o candidato. Para isso, a organização é primordial – o que nos leva, necessariamente, ao segundo erro mais comum: a desorganização nos estudos.
2.Falta de organização
Quem está inserido no mundo do CACD já tem em mente que a extensão do edital assusta quem quer que esteja começando os estudos. Para além dos estudos das línguas, as demais disciplinas abarcam uma enormidade de pontos em cada tópico.
Esse fato pode ser motivo de ansiedade para quem está alimentando algum tipo de interesse em prestar o concurso. Por isso, calibrar as expectativas é uma necessidade determinante: o CACD não é uma corrida de 100 metros rasos, mas uma maratona.
“O CACD não é uma corrida de 100 metros rasos, mas uma maratona.”
Um edital muito longo, dessa forma, demanda um material organizado.
É essencial, no decorrer da rotina de estudos, ter um material para cada disciplina, detalhando os pontos do edital ou seguindo ciclos de estudo. Isso permite manter controle do que está estudando, do que já estudou e do que ainda falta estudar em cada uma das disciplinas.
Para isso, o professor recomenda aos candidatos – sejam iniciantes, intermediários ou avançados – um diagnóstico da preparação, em que sejam traçados os diferentes estágios de estudos em cada tópico do edital, como leituras bibliográficas, fichamentos, exercícios e revisão.
3.Falta de planejamento financeiro
Saber o que se tem e o que precisa é crucial para uma preparação a longo prazo. Dessa maneira, o planejamento financeiro deve ser tratado como ponto tão importante quanto os próprios estudos. Comprar cursos, aulas particulares, livros e apostilas demanda que o candidato desembolse um valor significativo, e isso deve ser levado em consideração desde o início da preparação.
Infelizmente, são comuns os casos em que o candidato já se prepara há anos, é competitivo, comprou e concluiu cursos e construiu um bom material, mas não se preparou financeiramente para as fases avançadas que demandam cursos intensivos e/ou de resolução de questões discursivas.
Esse cenário acarreta não apenas o bloqueio do progresso, mas também problemas como ansiedade. Assim, controlar os recursos financeiros mensalmente e saber o quanto desses recursos pode ser destinado a cursos e custos relacionados aos estudos demandam uma organização a longo prazo, já considerando as fases avançadas.
“A boa escolha nem sempre é a mais barata. A boa escolha é aquela que vai estar de acordo com as suas necessidades.”
4.Ignorar rotinas e hábitos
Alinhar expectativas, fazer planejamento de estudos e financeiro não adianta se o candidato não considera suas rotinas e hábitos.
Construir uma rotina adequada ao estilo de vida do candidato é o primeiro passo para a disciplina. Basear-se na rotina de alguém que acorda às 6 da manhã para estudar não funciona caso a pessoa não se sinta produtiva no turno da manhã.
Preparação não tem fórmula, pois as pessoas são diferentes. Existem recomendações, e recomendações devem ser adequadas a quem você é.
Assim, partir do pressuposto de que se deve mudar completamente de vida para iniciar os estudos é uma falha que gera consequências irremediáveis. Ajustes são importantes, mas mudanças radicais do que já funciona não são recomendadas.
5.Ignorar saúde física e mental
Um dos aspectos mais comuns no discurso de aprovados diz respeito ao cuidado físico e mental durante a preparação.
Estudar para um concurso de alto desempenho é, inevitavelmente, ficar inúmeras horas do dia sentado. As dificuldades físicas que essa rotina gera são as mais variadas, impactando de maneira significativa na preparação.
É importante, portanto, que o candidato elimine totalmente da sua realidade a falácia de que exercícios físicos tiram tempo de estudo.
“Cuidar do corpo não é algo que atrapalha a rotina. Cuidar do corpo é algo que aproxima o candidato da aprovação.”
Bem como a saúde do corpo, a saúde da mente não deve ficar de fora. Não adianta ter condições de comprar os melhores cursos e melhores materiais se o estresse, a pressão e a ansiedade surgem como mais um obstáculo.
Estudar para concurso é uma atividade, por natureza, solitária. Sendo assim, ter a mente sã é primordial para os estudos e mais ainda para os estudos do CACD, em que o candidato geralmente se depara com frustrações e reprovações com regularidade.
6.Não preparar as pessoas ao redor
Como já mencionado, o ponto de alinhar expectativas é importante para o candidato e para o seu desempenho nos estudos. Entretanto, alinhar expectativas com as pessoas que estão ao seu redor não é menos importante. Mencionar o tempo médio de estudos para que frustrações sejam evitadas é a melhor forma de facilitar a dinâmica das relações.
Família, amigos, parceiro(a). Todos precisam estar alinhados com o seu sonho e com a ideia de que é um investimento a longo prazo. Conversar sobre ajustes e gestão do tempo em conjunto para se chegar a uma dinâmica mais adequada e saudável é importante não só para os próprios estudos, mas também para a manutenção das relações interpessoais de cada um.